terça-feira, 13 de janeiro de 2009

São Paulo, 1943

A dica é do amigo Alexander Gromow. Este vídeo histórico foi produzido em 1943, em plena Segunda Guerra Mundial, pelo governo americano. Veja a explicação para isso:

“Este filme sobre a cidade de São Paulo, feito pelo governo americano,
fazia parte do esforço de guerra da época, 1943. É uma peça de propaganda
muito bem feita para ser divulgada nos EUA de então. Cabe lembrar que neste
período o Brasil estava sob a ditadura de Vargas e que, politicamente, o
país estava mais próximo do fascismo italiano e do nazismo alemão do que
qualquer outra coisa.
Com a entrada dos EUA na guerra, depois de Pearl Harbor, a situação
do mundo pendia mais para o Eixo ROBERTO (Roma, Berlim, Tokio) e os aliados
não tinham mais onde obter matéria prima pra a indústria de guerra. A
África, Ásia e o Pacífico Sul estavam nas mãos do Eixo. Sobrava o Brasil e
foi assim que o presidente Roosevelt, dos EUA, veio ao Brasil negociar a
participação do país do lado aliado.
Coincidência ou não, vários navios mercantes brasileiros foram
torpedeados, causando mortes e tudo mais. Na época disseram que tinha sido
submarinos alemães, mas há que diga que foram submarinos ianques ou ingleses
que fizeram isso pra forçar a entrada do Brasil na guerra ao lado dos
aliados De qualquer maneira, Vargas, sob tremenda pressão popular, declarou
guerra contra o Eixo. A partir daí, os EUA fizeram uma enorme campanha para
enaltecer e valorizar os países amigos do Hemisfério Sul, especialmente o
Brasil, de onde saiu quase tudo que os aliados precisavam para manter a
indústria de guerra funcionando, inclusive bases aeronavais no nordeste,
como em Natal e Fernando de Noronha, de onde saíram as primeiras invasões
aliadas no Norte da África. Coube a marinha de guerra brasileira a
responsabilidade de comboiar os navios mercantes que iam pros EUA ao longo
da costa do país. E isso foi feito com poucas perdas para os aliados...
O filme em questão, sobre São Paulo em 1943, insere-se neste período
e a cidade e o Estado são mostrado sob uma ótica tipicamente
norte-americana, uma exemplo clássico de propaganda de esforço de guerra. É
um filme pra guardar, com certeza...”

Um comentário:

Alexander Gromow disse...

Caros Internautas MAXICAR,
Acho que aqui caberia um breve esclarecimento adicional.
Para mim que nasci em 1947 e cheguei à São Paulo na década de 60 – depois de ter percorrido um longo caminho, estas imagens foram uma coisa impressionante. Cheguei a andar de bonde em São Paulo, pegar ônibus no Vale do Anhangabaú, ver o anúncio “animado” do Açúcar União instalado sobre a Câmara de Vereadores, etc...
Confesso que eu não tinha a noção da pujança de São Paulo em 1943, da indústria, das edificações e, agora o lado antigomobilista, dos carros, bondes, caminhões, ônibus e até um carro a gasogênio no Túnel 9 de julho! Coisa de deixar qualquer um que estuda estas coisas maluco ao ver a história em movimento. O cuidado ao pronunciar os nomes brasileiros, as animações incríveis para a época (1943), os detalhes mostrados incluindo a infra-estrutura existente são de arrepiar. Assistam e depois me digam o que acharam!
O texto reproduzido pelo Fernando Barenco antes do filme, que apresenta uma situação que se coaduna com várias pesquisas que fiz, veio junto com o filme e não é de minha autoria, mas é muito esclarecedor.
Para os paulistanos mais jovens que não andaram de bonde e que não conheceram a paulicéia digamos até a década de 60 certamente não será fácil reconhecer alguns aspectos do filme.
Olhando para o passado há muito que deveria ser lembrado para que alguém pudesse realmente se inserir no contexto deste filme. Lembrar da época da industrialização, das pujantes indústrias Matarazzo, das grandes tecelagens dos Calfat, das montadoras americanas, Ford e Chevrolet, dos Bondes e do centro velho - Rua Direita, Praça da Sé, Vale do Anhangabaú, do grande Magazine Mappin. Lembrar sobre o erro do grande prefeito Prestes Maia, que ao invés de optar pelo metrô deixou o transporte na superfície deixando um legado nefasto que nos assombra como alma penada até os dias de hoje (já que vemos bondes andando pelas ruas no filme, até na São João)... Dos imigrantes europeus, etc.
Registros desta qualidade, independentemente de sua origem, a meu ver, devem ser divulgados e esmiuçados por aqueles que ainda podem fazê-lo de maneira a transformá-lo num documento de preservação para sempre.
Desculpem, acho que o meu lado historiador entrou em ebulição...
Saudações a todos
Alexander Gromow
(alemão de nascimento, brasileiro de coração)